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segunda-feira, 4 de julho de 2011

Mulheres que Lutam e Sonham¹

Ao mesmo tempo em que se inicia a ditadura militar brasileira, o movimento feminista chega com força em solo tupiniquim. Pois me imagino no lugar das mulheres da década de 1960: pela primeira vez, sentindo que poderiam se libertar da sociedade patriarcal e machista, e, ao mesmo tempo, sentindo a repressão – dessa vez não mascarada, do Estado.

No momento, pouco importavam as amarras do pai, do marido. Agora quem prendia era o Estado – direito previsto por lei: tortura, assassinato, perseguição. Amarras nos corpos e nos cérebros.

Para as mulheres? Garantias especiais para pessoas especiais! Além das torturas clichês, também tínhamos direito à estupros! Incluindo brinquedinhos e coletividade (em alguns lugares, também entre os militares havia espírito de porco coletivo!)

Porém, a repressão democrática no país, trouxe também a democracia na luta. Nenhuma mulher esperaria seu homem voltar da panfletagem, da reunião escondida ou da negociação das armas. Ninguém mais poderia esconder a participação das mulheres na história. Na ditadura militar brasileira, não como homens, mais como human@s que tod@s somos, as mulheres pegaram em panfletos, pegaram em armas, gritaram nas passeatas. As mulheres lutaram! Pelo direito à liberdade, que dessa vez pode ser, institucionalmente, arrancado pelo Estado.

Se nunca fomos donas de nosso próprio corpo, de nossa própria voz, agora nem o cérebro e a mémória eram nossos...

Por fim, podemos falar, narrar ou imaginar como foi viver num período onde a distribuição de felicidade acompanhava o Índice de Gini. Mas falar, narrar ou imaginar, não é sentir. Não é sofrer até hoje. Não é estar desaparecid@ até hoje.

Esse texto foi inspirado no cotidiano de nossa sociedade machista e, sobretudo, no filme/documentário de 1989, dirigido por Lúcia Murat, “Que Bom Te Ver Viva”² que mostra, numa mistura de realidade e ficção, a vida das mulheres que lutaram por liberdade na Ditadura Militar do Brasil. Depoimentos ricos, chocantes. Que nos deprimem pelo que fizeram de nós no passado, e pelo que fazem e fazemos de nós hoje (pois, se acaba a ditadura militar, ainda temos, no mínimo, a da beleza!)

Mas também, “quem é que trepa com a Joana D'arc, né?”³

Bem vind@s ao Cartas de Lamarca!


¹De “Nada causa mais horror a ordem, do que as mulheres que lutam e sonham”, José Marti.
²Para baixar o filme, acesse:
http://www.almascorsarias.com.br/2010/09/que-bom-te-ver-viva-1989.html
³Frase retirada do filme.


Por Mandi / Amanda Benedetti

UM POUCO SOBRE A DITADURA EM BRASÍLIA


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A história da ditadura militar em Brasília se enlaça um pouco com a história da Universidade de Brasília, fundada pelo antropólogo Darcy Ribeiro, que desde o seu projeto de fundação com o apoio na época do presidente JK e em acordo com os dominicanos de São Paulo e do papa para a construção, sofreu forte rejeição após a sua construção do regime militar, sendo invadida por tropas de Minas Gerais em 1964, onde 40 professores foram presos na Universidade e encarcerados posteriormente no Teatro Nacional, por sinal cartão postal de Brasília, e como poucos sabem, um dos “porões” da ditadura.
Após a invasão foi levada a cabo pelo regime militar uma demissão coletiva dos professores da Universidade, entre 1965 e 1968, a UNB foi mergulhada numa crise sem precedentes, com cursos fechados, prisões, aliadas a Atos institucionais e Leis que cerceavam a liberdade de expressão como a Lei Suplicy(LEI Nº 4.464, DE 9 DE NOVEMBRO DE 1964), nos governos de Castelo Branco e Costa e Silva, lei esta que impediam as manifestações dos estudantes e determinava como os mesmos deveriam se organizar, o que resultou numa união e luta maior dos mesmo, se organizando e resistindo contra as medidas da ditadura militar.
A contra-medida da ditadura foi a prisão e consequente tortura dos estudantes e a expulsão dos mesmos da Universidade, culminando em 1968 com o AI-5, ato ditatorial que juridicamente tentava justificar a arbitrariedade da ditadura.
Uma das pessoas mais atuantes no meio estudantil de Brasília que merece amplo destaque foi o estudante de geologia HONESTINO GUIMARÃES, preso em 1968 após a invasão da Universidade, ficando por 5 meses detido, com a promulgação do AI-5 passou a viver na clandestinidade em São Paulo, em 1971 foi eleito presidente da UNE (União Nacional dos Estudantes), em 1972 mudou-se também na clandestinidade para o Rio de Janeiro, onde continuou lutando contra o regime militar e organizando encontros estudantis até ser preso pelo Centro de Informações da Marinha, após meses preso, os órgãos militares nada esclareceram sobre sua prisão, engrossava a lista de desaparecidos políticos, tendo apenas o seu reconhecimento de óbito em 1996, sendo também homenageado com o DCE (Diretório Central dos Estudantes) da Universidade de Brasília levando o seu nome.
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